Altas temperaturas aumentam risco de mortalidade no Rio

Divulgação / EBC
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Ondas de calor em que a temperatura média diária chega a 31,55ºC por seis dias consecutivos podem provocar um aumento de 36% no risco de mortalidade na cidade do Rio de Janeiro na comparação com períodos de temperatura média diária de 21ºC.

A conclusão é de um estudo realizado por cientistas da Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas (UCCRN, na sigla em inglês), com participação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

O trabalho foi apresentado na terça-feira (15/03), durante o seminário Cidades do Futuro + Saúde, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Columbia Global Centers Rio de Janeiro e a Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas para América Latina (UCCRN-AL), sediada no IOC/Fiocruz.

“Existem muitos estudos sobre o risco de mortalidade devido a ondas de calor em áreas de clima temperado, mas é importante notar que o aumento do número de mortes em períodos de altas temperaturas também ocorre em locais com clima quente, como o Rio de Janeiro”, afirmou Martha Barata, pesquisadora do IOC/Fiocruz, coordenadora da UCCRN-AL e uma das autoras da pesquisa.

Para calcular o risco de mortalidade associado às ondas de calor, os pesquisadores analisaram as médias diárias de temperatura e as taxas diárias de mortalidade na capital fluminense durante os meses de verão de 2002 a 2014. A temperatura média de 31,55ºC foi encontrada nos dias classificados dentro do 1% mais quente. Segundo Martha, as ondas de calor devem se tornar mais frequentes em consequência do aquecimento global e conhecer a temperatura a partir da qual o risco de mortes é elevado é importante para desenvolver sistemas de alerta.

“Em muitas cidades brasileiras, sistemas de alerta já foram implantados considerando os riscos de chuvas fortes, que causam deslizamentos e enchentes. Da mesma forma, é necessário enfrentar o risco das ondas de calor, que podem provocar o agravamento de doenças e aumentar a mortalidade”, ressaltou ela, acrescentando que idosos, crianças, pessoas obesas, indivíduos com doenças cardiovasculares e respiratórias estão entre os grupos mais afetados pelas altas temperaturas.

Entre as medidas de proteção individual que podem ser adotadas nos períodos mais quentes, estão o aumento do consumo de líquidos e a busca por ambientes mais frescos. Alterações da infraestrutura urbana também podem proteger a saúde da população, reduzindo a formação de ilhas de calor.

“Em Nova York, após a constatação do risco de mortalidade devido às ondas de calor, foi implantado um programa para plantio de árvores. Nesta ação, mudas foram entregues aos cidadãos, que também assumiram a responsabilidade pela sua manutenção. Investimentos desse tipo podem amenizar o problema e têm o potencial de reduzir os gastos do sistema de saúde para o tratamento de doenças”, ponderou Martha.

Com participação de cientistas do IOC/Fiocruz, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), da Universidade de Nanjing, na China, e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, o estudo sobre o risco relativo de mortalidade associado a ondas de calor será publicado no Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas e Cidades (ACR3.2). O documento, que está em fase de conclusão, deve ser divulgado pela UCCRN em outubro deste ano.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SVS/SMS), o Programa Rio Resiliente e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) colaboraram no fornecimento de dados para a pesquisa.

Fonte:Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

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