Museu do Amanhã recebe mais de 20 mil pessoas em dois dias aberto ao público
Nem mesmo a espera, que podia ultrapassar uma hora e meia na fila, desanimou o público, que se abrigou do sol intenso sob a cobertura do museu, que avança na renovada Praça Mauá, em uma estrutura de ferro, vidro e concreto toda branca, que parece planar sobre o terreno.
Logo na entrada, um globo terrestre suspenso é a primeira atração e vira cenário obrigatório para as fotografias dos visitantes. Por meio de duas escadas, chega-se ao segundo andar, onde estão as exposições principais. Um grande globo de acrílico preto abriga uma sala de cinema em 360 graus, onde passa um documentário de 8 minutos sobre as origens do universo. Depois, o visitante pode explorar, em telas de toque, mais informações sobre o que assistiu. O próximo passo são quatro salas, em formato de cubos, nos quais imagens e fotografias retratam o planeta Terra, dividida em Matéria, Vida e Pensamento.
Um próximo espaço é o chamado Antropoceno, onde são projetadas, em telas de 10 metros de altura por 3 metros de largura, imagens sobre a ação do homem no planeta e a devastação que estamos impingindo à natureza. Em seguida, o visitante é levado ao espaço Amanhãs, no qual são apresentadas as tendências para os próximos 50 anos e os cenários possíveis, dependendo da participação de cada um.
Por último, ao final da visita, a área Nós, em forma de oca indígena, construída em madeira vazada, oferece espaço para reflexão, iluminado com mais de mil lâmpadas que mudam de cor e sonorizado com uma trilha sonora suave.
No térreo do museu, o destaque é a área livre, que pode ser visitada por qualquer pessoa, sem necessidade de pagar ingresso, formando um grande parque à beira-mar, com largos espelhos d´água e muitas árvores, que vão crescer e transformar o local em um agradável bosque em poucos anos.
Para o curador do museu, Luiz Alberto Oliveira, a proposta é oferecer ao público uma jornada de exploração. “Nós contamos uma história e queremos que as pessoas vão passando pelas etapas para se capacitar e explorar cenários futuros possíveis. E refletir que isso vai depender das escolhas que nós fizermos, como pessoas, como cidadãos. O conceito essencial do museu é que o amanhã não está pronto, não é único, é uma construção.”
O diretor geral da Fundação Roberto Marinho e supervisor do projeto Museu do Amanhã, Hugo Barreto, ressaltou que o museu está atraindo um público que pode nunca ter entrado em um espaço semelhante. “São pessoas que talvez seja a primeira vez que vêm a um museu, que têm o contato com algo de primeiro mundo. Existe um sentimento de orgulho das pessoas, de estarem em um museu que talvez seja único no mundo. Não é só um museu de ciências, mas um pensar sobre nós mesmos, sobre o que está ocorrendo aqui, pela via da ciência, do entretenimento, da cultura e da arte. Aqui as pessoas viajam e navegam.”
Muitos dos visitantes chegaram de longe, no domingo quente e ensolarado, como o casal Jorge e Raquel de Oliveira, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. “Eu gostei de tudo. O que mais me impressionou foi o globo na entrada. É muito mais do que eu pensava encontrar. A mensagem que fica é nos prepararmos para o futuro”, disse Jorge, que trabalha como pintor industrial. “Para mim, a mensagem é que devemos preservar muito a Terra, não jogando lixo e tendo mais cuidado com a água”, completou Verônica, que é esteticista.
“Achei muito interessante. Explica para a gente o que está acontecendo ao redor do mundo. Para incentivar as pessoas a entenderem o que está ocorrendo no planeta. A pessoa sai daqui diferente, entendendo mais o que está se passando com o mundo”, disse a dona de casa Raquel de Freitas Bastos, que veio de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, com o marido e os dois filhos.
Mas talvez o maior beneficiado como o novo museu seja mesmo o município do Rio, conforme ressaltou o gerente de salão de beleza Leonardo Moreira Bonfim: “É algo grandioso, incrível. Este resgate representa a auto-estima da cidade, que se renova a cada dia e vai ficar ainda melhor. Era uma praça que estava muito abandonada. Foi um grande presente que a cidade recebeu”.
A construção do Museu do Amanhã custou R$ 215 milhões, mais R$ 65 milhões investidos pelo Banco Santander, patrocinador master, em seu conteúdo e manutenção pelos próximos dez anos. O museu abre de terça-feira a domingo, de 10h às 18h. A entrada custa R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia. Há gratuidades para alunos da rede pública, crianças até 5 anos, pessoas a partir de 60 anos, professores da rede pública, entre outros grupos. Nas terças-feiras, o ingresso é gratuito para todos. Informações podem ser acessadas na página do museu na internet (www.museudoamanha.org.br).