O império francês, a ‘nova ordem’ e o Catar-22

Daqui a quatro anos vai começar tudo de novo. Mas, antes, tem Eliminatórias, Copa América, Euro… Até chegar outra vez o Mundial. Os franceses buscarão o bicampeonato consecutivo e o tri no geral. O Brasil seguirá na luta para enclarear a mancha da semifinal de 2014. A Alemanha vai tentar se recuperar da eliminação vexatória na Rússia. Os italianos esperam não repetir a façanha de ficarem de fora da festa. Ainda tem Argentina, Espanha, Uruguai e tantos outros países. Se “Allez les Bleus” foi o grito mais forte em 2018, o futuro parece, em diversos aspectos, ser bastante incerto para 2022.

A começar pela sede do próximo evento. O Catar nunca disputou uma Copa do Mundo. Tem como títulos conquistados as edições de 1992, 2004 e 2014 da Copa do Golfo. A tentativa de chegar ao torneio em solo russo parou na última fase qualificatória das Eliminatórias Asiáticas, com a lanterna do Grupo A, cinco pontos atrás da penúltima, a China, e a seis da zona de classificação para a Repescagem, onde ficou a Síria. Fora de campo, muitas polêmicas com relação à construção dos estádio para a Copa, incluindo a acusação de trabalho escravo, além de uma crise política.

Voltando para o “assunto bola”, dizem haver uma “nova ordem no futebol mundial” em relação às seleções. De fato, pela segunda vez, desde 2010, tivemos um finalista inédito. Se a Croácia ficou no quase agora, a Espanha triunfou na África do Sul sobre a Holanda, que, por sinal, é uma das mais difíceis de se cravar algo. A Laranja foi vice naquela ocasião, terceira colocada no Brasil, em 2014, e, desta vez, deu as mãos à Itália.

Justamente a Azzurra é quem tem sentido mais o golpe dessa mudança de domínio. Além de assistir a edição deste ano pela TV, não passou da fase de grupos em 2010 e 2014, apesar da conquista de 2006.

A “nova ordem”, entretanto, não significa necessariamente novos campeões. A própria Espanha foi a única a entrar nesse seleto grupo, desde a França de 98. Porém, o pódio vem ganhando cada vez mais cores diferentes. E da subida nele ao alcance do topo é um pulo. Croácia (2018 e 98), Bélgica (2018) e Turquia (2002) são os exemplos mais recentes. O que isso significa? Não se assuste se houver campeões inéditos em algumas das próximas Copas.

O futebol mudou. As camisas vitoriosas ainda pesam. Contudo, apareceram “antídotos” que, aos poucos, vão minimizando esse efeito. Enquanto seleções tradicionais se afundam na crise de talentos, quem nunca sonhou alto passou a jogar o máximo que pode, com organização fora e no gramado, aliados a muita disciplina tática.

Certo mesmo é que a França terá tranquilamente uma geração de ouro no Catar para abocanhar a terceira taça. A média de idade dos azuis é de 25,6 anos. Quase todos os jogadores terão condições de disputar o título novamente. Só que é bom olhar para quem fez feio defendendo o “cinturão” e não repetir a vergonha. Afinal, os últimos três detentores do caneco caíram na fase de grupos. Itália (2006), Espanha (2010) e Alemanha (2014).

O Brasil, por motivos diferentes, também precisa abrir os olhos. Está mais do que provado que existe uma boa diferença entre “atropelar” os rivais sul-americanos nas Eliminatórias e bater de frente com os europeus no Mundial. “Apenas” para constar, o velho continente papou as últimas quatro Copas.

Para fechar, vale guardar na memória que os campeões deste domingo (15) jogaram três finais de Copa do Mundo das seis mais recentes. Venceram duas. Já igualaram o Uruguai e a Argentina. Alguém duvida que passem? A França que morria na praia, de 1930 até o começo dos anos 90, não existe mais. Ela é GiGante! Com todos os “Gs” em maiúsculo. Novamente… “Allez les Bleus!”

Sobre o autor