Wilson Witzel é eleito governador do Rio de Janeiro

Wilson Witzel foi eleito governador do Rio de Janeiro neste domingo (28). O candidato do PSC manteve a força que o levou ao primeiro lugar no primeiro turno e voltou a vencer Eduardo Paes, do DEM, no segundo turno. Ele vai substituir o atual governador, Luiz Fernando Pezão (MDB), a partir de 1º de janeiro.

A vitória foi confirmada às 19h03. Mais tarde, com 100% dos votos apurados, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, Witzel teve 4.675.355 (59,87%) dos votos válidos e Paes, 3.134.400 votos (40,13%).

Votos brancos (3,68%) e nulos (13,38%) somaram 1.606.953 votos. Houve ainda 2.984.852 abstenções (24,07%). Somados brancos, nulos e abstenções, chega-se a 4.591.805 votos – mais votos que Eduardo Paes e menos de 100 mil votos a menos que Wilson Witzel.

No segundo turno, Witzel derrotou um Eduardo Paes que somente a uma semana do pleito ameaçou sua liderança, segundo as pesquisas. Agora, o eleitor fluminense terá quatro anos para aprender a chamar o novo governante – que atende por “Uílson Vítzel” -, o primeiro não fluminense a assumir o Palácio Guanabara desde o segundo mandato de Leonel Brizola, em 1991.

Entrevistas

Em entrevista coletiva após a vitória, Witzel disse esperar que as diferenças de ideias agora se transformem em união em prol do estado.

“Neste segundo turno, o que aparece é que a esperança renasce para o estado do Rio de Janeiro”, disse Witzel em entrevista coletiva após a vitória.

Após o resultado, Eduardo Paes agradeceu o carinho da população e disse que não negará ajuda a Witzel, se solicitado.

“Não quero ser secretário, não quero ser ministro, não quero cargo comissionado, não quero trabalhar com deputados. Meu apoio ao Witzel será no sentido de desejar que ele faça um bom governo e me colocar à disposição caso queira conversar. Mas agora eu volto à iniciativa privada”.

Biografia

Aos 50 anos, o paulista de Jundiaí nunca concorreu a cargos políticos. É advogado e foi fuzileiro naval e juiz federal, cargo que exerceu por 17 anos.

Witzel chegou a registrar seu nome de urna como Wilson Ex-Juiz Federal, mas foi impedido em meio à campanha por decisão da Justiça Eleitoral.

O governador eleito é casado com Helena Witzel e tem quatro filhos.

Campanha

O candidato do PSC teve uma ascensão surpreendente nas pesquisas de intenção de voto no primeiro turno. Se nas primeiras variou entre 1% e 4%, chegou empatado tecnicamente em segundo lugar na última delas com o candidato Romário (Podemos), na véspera da eleição do primeiro turno.

No dia seguinte, surpreendeu novamente, quando obteve mais do que o dobro dos votos de Paes – votação já apontada pela boca de urna. Na votação, teve 3.154.771 (41,28%) dos votos válidos, contra 1.494.831 (19,56%) do candidato do DEM.

Com o apoio de Flávio Bolsonaro (PSL), deputado estadual que se elegeu senador, Witzel afinou seu discurso com o do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que nunca anunciou apoio aos candidatos do Rio de Janeiro.

A segurança e o combate à corrupção também foram protagonistas em sua campanha, e o apoio da família Bolsonaro é apontado como o principal por sua ascensão meteórica.

Para concorrer ao governo, Witzel pediu exoneração da Justiça Federal, no início do ano. Durante a campanha, chegou a brincar que alguns eleitores perguntavam a ele se estava “maluco” por abrir mão dos privilégios do cargo. Ele rebate dizendo que tem bom salário como advogado e que escolheu o cargo por acreditar que pode melhorar a situação do estado.

Antes de se filiar ao PSC, foi titular da 6ª Vara Federal Cível até 2 de março. Ele já havia atuado em varas cíveis e criminais no Rio e em Vitória. Witzel deixou o Espírito Santo em meio a ameaças de morte.

Polêmicas

Em um dos debates, o candidato Romário disse que Witzel era “frouxo” por ter “fugido” de sua responsabilidade ao sair do Espírito Santo.

Desconhecido do grande público até o primeiro turno, Witzel sofreu ataques no segundo. Ele, que se disse contra o auxílio-moradia em entrevista ao G1 e a CBN em setembro, nunca abriu mão do benefício, totalizando cerca de R$ 500 mil.

Em um vídeo, Witzel aparece sugerindo o que chama de “engenharia” para juízes acumularem outro benefício — ambos são legais, mas foram considerados imorais por seus adversários.

Propostas

Na campanha, a avaliação é que sua eleição representa o desejo da população por mudança. Witzel disse, várias vezes, que ele representava o “novo”, enquanto Paes era o “de novo”.

Witzel defendeu também o endurecimento do combate à criminalidade, citando inclusive o que chama de “abate” de criminosos que estiverem com fuzis.

Veja as principais propostas (veja mais as promessas):

  • Escolas militares, ‘pelo menos de uma a três’ por cidade;
  • Reforma pedagógica, com base em disciplinas e tecnológicas, e implementação da aula ‘Constituição e Cidadania’;
  • Extinção da Secretaria de Segurança;
    Instalação de 1 milhão de câmeras de segurança nas ruas;
  • Renegociar dívida do Estado por 100 anos;
  • Asfaltar comunidades para facilitar a ação policial;
  • Construção de casas populares;
  • Revitalizar a Baía de Guanabara e despoluir o Rio Paraíba do Sul;
  • Contratar 500 mil consultas/mês da rede privada para compensar os problemas da rede estadual de saúde;
    Investir na construção civil para ofertar empregos;
  • Liquidar empresas públicas e criar programa de demissão voluntária;
  • Estabelecer um teste de honestidade no serviço público;
  • Fortalecer o transporte alternativo.

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