Circulação dos ônibus gratuitos de Maricá não será interrompida
O Prefeito de Maricá, Washington Quaquá determinou que a frota da EPT, responsável pelo transporte gratuito no município, continue em circulação. A decisão tornou-se necessária face aos graves prejuízos que uma eventual paralisação completa acarretaria à população e à ordem pública, uma vez que a EPT é a única forma que a população maricaense tem de se deslocar dentro do município durante a noite – só os vermelhinhos, por exemplo, transportam passageiros que deixam o trabalho após as 23h.
A interrupção também causará transtornos aos moradores de localidades contempladas por linhas concedidas cuja operação não é realizada pelas empresas à revelia do poder público. Na avaliação do prefeito a oferta do transporte gratuito, utilizado por mais de um milhão de pessoas desde dezembro do ano passado, é um direito do povo reconquistado graças à EPT e se sobrepõe a interesses privados que sempre visaram apenas e exclusivamente o lucro fácil.
“Decidi isso devido ao péssimo serviço prestado pelas concessionarias, inclusive com evidente sobrepreço cobrado por anos e anos nas passagens, conforme demonstram nossas planilhas”, afirma o prefeito.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura recorrerá judicialmente nos fóruns competentes e tem plena convicção de que, assim como em ocasiões anteriores, haverá o reconhecimento pelo impacto social positivo que o transporte gratuito trouxe à cidade.
Além do recurso, o prefeito vai deflagrar uma série de ações que cabem ao poder concedente, como a fiscalização de todos os veículos das concessionárias e a cassação destas mesmas concessões por conta das recorrentes falhas na prestação de serviços. A atuação pode eventualmente chegar até à encampação propriamente dita dessas empresas.
A população, informada das medidas, apoia o que foi decidido e dá a dimensão do problema social provocado por uma eventual paralisação. Na manhã deste sábado, inclusive, houve protestos e bate-boca na Rodoviária do Povo quando funcionários da EPT foram hostilizados quando trabalhavam. Passageiros do ônibus se uniram e saíram em defesa do que já consideram seu patrimônio.
“Acho isso um absurdo. Esses ônibus sem dúvidas beneficiam a população mais carente, é uma economia diária. Eu lamento profundamente que a decisão da justiça seja de parar os ônibus vermelhinhos”, avalia Raul Araújo, morador de Itaipuaçu. Marcondes Campos Pinto, de São José do Imbassaí, faz coro. “Acho que deveriam continuar, porque a passagens dos ônibus aqui são muito caras, e o trabalhador que ganha pouco. Ter o transporte gratuito ajuda muito”, afirma.
“Tem muita gente carente que precisa. Trabalho aqui no Centro e posso pagar minha passagem, mas não penso só em mim, penso também naquelas pessoas que não podem pagar, que tem três ou quatro filhos, uma pessoa que quer vir ao Centro, ao médico e não tem condições, não tem dinheiro de passagem, não tem carona, então depende deste ônibus” completa Márcia de Souza, de Ponta Negra.