Investigada na Lava Jato, Andrade Gutierrez faz acordo e vai pagar R$ 1 bilhão
A empreiteira Andrade Gutierrez assinou acordo com a força-tarefa responsável pela Operação Lava Jato, pelo qual vai colaborar com as investigações sobre a existência de um cartel de licitações na Petrobras e reconhecer a prática de crimes, bem como pagar multa de cerca de R$ 1 bilhão pelos prejuízos causados com desvios de dinheiro público nas obras da Usina Nuclear Angra 3 e de estádios da Copa do Mundo de 2014.
O acordo ainda depende de homologação da Justiça. Nos acordos assinados pelas empresas investigadas na Lava Jato com o Ministério Público, as empreiteiras se comprometem a entregar novas provas sobre o esquema de corrupção na Petrobras e em outras obras. Em troca, o Ministério Público não oferecerá denúncia criminal e civil contra os envolvidos. O acordo tem objetivo de garantir a devolução do dinheiro desviado.
De acordo com as investigações, o consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão transferia recursos para empresas intermediárias, que repassavam a propina para o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva.
Segundo o Ministério Público, houve pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez em contratos desde 2009 para uma empresa de propriedade de Othon Luiz, que teria recebido
R$ 4,5 milhões.
As fraudes foram descobertas na 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, desencadeada a partir do depoimento do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Na delação, ele revelou a existência de um cartel nas contratações de obras da Angra 3 e chegou a citar Othon Luiz Silva como beneficiário de propinas.
Procurada pela Agência Brasil, a Andrade Gutierrez afirmou que não vai se manifestar sobre o acordo.
Após a assinatura do acordo, o presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, foi transferido nesta sexta-feira para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Também foram transferidos outros dois ex-executivos da empreiteira, Elton Negrão e Flávio Barra.
Otávio Marques e Elton Negrão foram presos na 14ª fase da Lava Jato, denominada Erga Omnes. Deflagrada em junho deste ano, a operação investiga as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. Já Flávio Barra foi preso na 16ª fase.