“Acho que intervenção vai continuar até com o meu sucessor”, diz Pezão
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse hoje (10) que acredita que a intervenção federal terá continuidade no ano que vem. A declaração foi concedida a jornalistas ao final do 30º Fórum Nacional, evento econômico organizado Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae). O decreto assinado pelo presidente Michel Temer em fevereiro estabelece que o período da intervenção se encerra em dezembro desse ano.
“Acho que não vai terminar e vai continuar até com o meu sucessor. Irão encontrar uma maneira de permanecer porque vivemos uma situação atípica e é preciso essa parceria. Sempre manifestei a importância de contarmos com um contingente grande da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo. O Rio não tem nenhuma entrada que não seja rodovia federal e isso tudo depende de cooperação com o governo federal. Se não tivermos ajuda, é difícil vencermos essa batalha. Acho que dificilmente, em 2019, se dispensa essa parceria”, avaliou Pezão.
Enquanto dura uma intervenção federal, conforme estabelece a legislação brasileira, não é possível aprovar Propostas de Emenda Constitucional (PECs). Pezão, porém, não acredita que isso seja problema. Ele disse já ter manifestado ao governo federal que, caso seja necessária uma suspensão da intervenção para que seja realizada alguma votação, assume o compromisso de manter nos cargos os indicados pelo interventor, o general Walter Braga Netto.
Pezão afirmou ainda que os índices de criminalidade têm aumentado em todo o Brasil e a questão da segurança pública não é uma preocupação exclusiva do Rio de Janeiro, o que demanda um envolvimento do governo federal. “A cidade do Rio de Janeiro nem é a mais violenta do país. Tem capital com mais que o triplo de ocorrências. O Rio acaba tendo um foco maior porque é uma porta de entrada para o turismo e tem uma mídia mais forte, que mostra mais coisas”, avaliou.
De acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, divulgado em outubro do ano passado, o Rio de Janeiro registrou em 2016 o maior número absoluto de mortes violentas em todo o país. Foram 1.446 ao todo. Proporcionalmente, porém, registrou taxas inferiores a diversas outras capitais. Foram 22,3 mortes violentas para cada 100 mil habitantes. Os índices mais elevados foram observados em Aracaju, com 66,7 ocorrências para cada 100 mil habitantes; Belém, com 64,9; Rio Branco, com 62,3; e Natal, com 62,2.
Na avaliação de Pezão, a segurança será o grande tema das eleições presidenciais deste ano. “Acho que o Brasil vai caminhar cada vez mais para ter uma guarda nacional ou algo similar. O governo federal vai ter que entrar mais forte na área de segurança. Não sei exatamente como vai ser, mas não dá mais pra deixar essa questão somente nas mãos dos prefeitos e dos governadores. Se deixar toda a responsabilidade para o estado, esquece que não vai resolver”, finalizou.