Mesmo dentro de casa, não estamos 100% seguros. Afinal, acidentes podem acontecer no banheiro, na cozinha, no quarto e nos demais cômodos. Se o dano atingir a região dos olhos, as consequências podem ser irreversíveis, como perda parcial da visão ou até mesmo cegueira, dependendo da gravidade.
A quantidade de casos em todo o mundo impressiona. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 1 milhão de casos de cegueira possuem relação direta com acidentes domésticos. Mesmo que crianças e idosos sejam os mais afetados, todas as faixas etárias estão sujeitas a sofrer algum tipo de acidente.
Dentre os principais acidentes, destacam-se os que envolvem objetos pontiagudos, exposição a produtos químicos e quedas.
Quedas
Sem dúvida, as quedas são um dos acidentes que mais acontecem, principalmente no banheiro e na cozinha. Os dois cômodos costumam ter piso liso, que fica extremamente escorregadio quando líquidos caem em sua superfície.
O tombo pode causar apenas um hematoma, uma luxação ou lesões mais graves, dependendo da região afetada. Pancadas na bacia, por exemplo, podem quebrar os ossos do local.
Quando a queda envolve a cabeça, o acidentado pode ter traumatismo craniano e concussões, lesões com consequências gravíssimas, na maioria dos casos. Se a queda envolver o rosto, partes delicadas são lesionadas, como nariz, boca e olhos. Uma pancada forte no globo ocular tende a comprometer a visão de maneira permanente.
Adicionar barras de segurança nas paredes, instalar piso antiderrapante e retirar obstáculos de locais com grande circulação de pessoas são medidas de prevenção contra acidentes caseiros.
Exposição a produtos químicos
Pode parecer que não, mas os lares brasileiros possuem diversas substâncias químicas. Afinal, elas compõem produtos feitos para limpeza, como água sanitária, limpa-forno, álcool e amoníaco.
O uso indevido e armazenamento incorreto são fatores que aumentam de forma expressiva a possibilidade de acidentes domésticos. É necessário utilizar avental, ideais para a proteção do corpo, luvas emborrachadas, com o objetivo de proteger a pele de queimaduras, e óculos, que evitam danos aos olhos.
Em certas ocasiões, não precisa haver contato entre os olhos e o produto. Quando utilizados em ambientes fechados ou com pouca ventilação, os vapores tóxicos produzidos pelas substâncias não são dissipados.
Com isso, fica claro que é preciso armazenar e manusear os produtos de limpeza corretamente. Avental, luvas e óculos são fundamentais. Assim como a leitura do modo de uso e armário com tranca, que dificulte o acesso de crianças.
Acidentes envolvendo objetos pontiagudos
Danos produzidos a partir de objetos pontiagudos também são comuns. O cuidado deve ser redobrado com tesouras, facas, vidros, móveis, itens de decoração com pontas e brinquedos pontiagudos, principalmente em casas com a presença de bebês e crianças.
Os pequenos são atraídos pelo formato do objeto, mas desconhecem os riscos. Ao brincar com o item, a criança pode, acidentalmente, acertar os olhos com a região pontiaguda.
A penetração de um corpo estranho no globo ocular ou a presença na córnea, sem de fato entrar no olho, causa sérias lesões. A falta de cuidados médicos após o acidente pode provocar cegueira, em situações extremas.
Tipos de lesões oculares
Existem diversos tipos de lesões oculares. Porém, vamos destacar as mais recorrentes:
- Olho arranhado;
- Lesão química;
- Hemorragia subconjuntival;
- Irite traumática;
- Hifema e fratura orbitária.
A primeira se trata de uma abrasão na córnea, causada por cutucões e corpos estranhos, que são esfregados pelo olho, como poeira e grãos de areia, por exemplo.
Em relação às consequências, arranhões causam ferimentos, infecções por bactérias e fungos. Se o objeto ou a mão estiver contaminada com fungos e bactérias, o olho será gravemente danificado em menos de 24h, podendo ocasionar a cegueira.
O segundo tipo de lesão ocular se chama hemorragia subconjuntival, causada por pancadas nos olhos. O golpe faz com que aconteça a ruptura dos vasos sanguíneos, permitindo que o sangue escape.
Enquanto isso, a irite traumática tem ligação com lesões feitas por cutucadas no olho ou até mesmo objetos pontiagudos. A avaria no globo ocular, mesmo se for tratada, tende a ficar marcada para sempre.
Já as lesões químicas acontecem quando substâncias nocivas entram em contato com os olhos, por meio dos produtos de limpeza, citados anteriormente. A gravidade do dano depende da composição do produto. Ácidos causam vermelhidão e irritação, podendo ser facilmente limpo com água corrente e sabão.
Por outro lado, produtos químicos básicos (alcalinos) promovem lesões graves nos olhos. Num primeiro momento, a dor e coceira são pequenas. Porém, os sintomas não devem ser ignorados.
Após o contato com a substância, o contaminado precisa verificar o rótulo do produto, para saber se é ou não alcalino. Uma vez comprovado, o próximo passo consiste em procurar um oftalmologista o mais breve possível.
É importante ressaltar que o médico deve ser procurado em qualquer um dos tipos de lesões abordadas acima. O acompanhamento do oftalmologista é vital para evitar danos irreversíveis, como a cegueira.
Consequências emocionais e sociais da cegueira
As consequências da cegueira vão muito além da perda total da visão. Quem nasce enxergando e perde a visão ao longo da vida, sofre bastante com a brusca mudança.
Conforme citado no livro Reações Psicológicas à Perda da Visão, de Maria Cristina de Castro Barczinski, um estudo de Fitzgerald descreve as reações à cegueira.
A primeira fase é a da descrença, que acontece logo no início, quando o paciente não aceita a perda da visão. A etapa seguinte é conhecida como fase de protesto, pois o indivíduo busca por segunda opinião e evita, a qualquer custo, utilizar bengala ou braile, ferramentas responsáveis por facilitar a vida de deficientes visuais.
A fase de protesto é seguida da depressão. A vítima da cegueira percebe que a perda é total e irreversível. Ansiedade, desânimo profundo, perda de peso e falta de apetite são sintomas comuns.
Por fim, o paciente chega à fase de recuperação. Após aproximadamente 10 meses a 1 ano, ele aceita a sua situação e não apresenta comportamentos das etapas anteriores.
A importância da prevenção
Acidentes domésticos podem ser evitados com a prevenção. Para isso, a população precisa ter conhecimento dos riscos e consequências de acidentes dentro do ambiente doméstico.
É necessário saber os perigos escondidos na cozinha, no banheiro, na garagem, na sala, no quarto e na lavanderia. O governo e o Ministério da Saúde têm a obrigação de alertar o povo com programas de prevenção.
Trata-se de um problema grave e recorrente. Só para ilustrar, dados do Ministério da Saúde mostram que ocorreram mais de 8,6 mil mortes, de crianças entre zero e 14 anos, por acidentes domésticos somente em 2022.
Quanto mais informação divulgada sobre segurança doméstica, menores são as chances de acidentes. Eles não têm hora e nem lugar para acontecer, por isso, é fundamental se prevenir.
Os cuidados devem ser redobrados quando a casa é habitada por crianças e idosos. A seguir, ou maneira de ampliar a segurança dentro do lar:
- Instalar barras de segurança;
- Colocar piso antiderrapante em locais estratégicos;
- Retirar obstáculos de passagens;
- Manter fósforos, isqueiros, álcool e produtos de limpeza longe do alcance de crianças;
- Não comprar brinquedos pontiagudos e sem a aprovação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia);
- Se atentar a móveis e itens decorativos com pontas afiadas;
- Guardar tesouras e lâminas de barbear em local seguro, onde crianças não possam acessar.
Algumas doenças oculares são ocasionadas por diversos fatores e eles podem ser genéticos ou ações do tempo, como é o caso da catarata. Por isso, é importante e indispensável visitar um oftalmologista com frequência, principalmente se o indivíduo possui casos na família ou tem predisposição para desenvolvimento de doenças ao longo do tempo.