Autistas da Clínica-Escola comemoram Dia das Crianças
A Clínica-Escola do Autista de Itaboraí montou, nesta terça-feira (20/10), um esquema especial de atendimento para celebrar seu Dia das Crianças. Nele, os portadores da síndrome passaram por um circuito que envolvia fisioterapia, dessensibilização (trabalho para estimular os sentidos, especialmente tato e olfato) e arteterapia (atividades com foco na melhoria das coordenações visual e motora).
“Nossa intenção foi sair da rotina, fazendo eles experimentarem outros espaços e atividades. Em geral, os atendimentos são individuais. Hoje, também em alusão ao Dia das Crianças, procuramos estimular mais os trabalhos em grupo, para melhorar a interação entre eles”, disse Vannina Silveira, coordenadora da Educação Especial.
A unidade de Itaboraí é a única pública do Brasil que reúne uma equipe multidisciplinar para tratamento de autistas. Cerca de 120 pessoas, de todas as idades, são acompanhadas por neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionista, psicopedagogo, fisioterapeuta, pedagogo e assistente social.
“Esta clínica tem sido um oásis no país. Os autistas tendem a ser muito hiperativos, além de apresentarem dificuldades de concentração e expressão. Isso, naturalmente, complica o processo de educação. E é aí que a unidade atua, especialmente na dieta, eliminando alimentos que agitam ainda mais os autistas”, disse Berenice Piana, autoridade na causa e que leva o nome da Lei Federal 12.764/12, que garante a matrícula de autistas na rede regular de ensino.
O evento foi marcado, também, por uma instrução nutricional para os responsáveis pelos usuários, que mensalmente já aprendem diversas receitas de alimentos sem caseína e glúten.
“Meu filho faz tratamento aqui desde abril, com suporte de psicopedagogo e neurologista. E, nestes seis meses, já deu para perceber uma melhora grande. Ele quebrava várias coisas dentro de casa. Até uma televisão ele já tacou no chão. Hoje, está bem mais calmo e já conversa conosco, principalmente sobre esportes, que ele tanto gosta”, disse Herotilde Barreto, 62 anos, dona de casa, moradora do Centro de Manilha, mãe de João Camelo, de 17 anos.
Quem também elogiou muito o local foi Leonice Medeiros, 57 anos, dona de casa, moradora de Vila Esperança.
“Meu neto era muito bravo. Hoje, ele fica nervoso é de ansiedade de vir para cá, pois adora este lugar. Passamos a entender melhor o que ele quer expressar, e isso vem fazendo toda a diferença”, disse ela sobre seu neto Michael Pereira, de 19 anos, em tratamento desde a abertura da Clínica, em abril de 2014.