Clínica-Escola do Autista de Itaboraí encerra o Ano Letivo e comemora bons resultados

A Clínica-Escola do Autista (CEA) de Itaboraí encerrou as atividades do Ano Letivo de 2016 nesta terça-feira, com um dia de festa para os cerca de 120 alunos-pacientes da instituição. Ao longo do dia, diversos grupos de crianças e jovens participaram de atividades diversas de recreação com os profissionais da CEA.

Com 3 anos de funcionamento, a CEA se tornou referência no Brasil no tratamento e educação de pessoas com autismo. Mantida pela Prefeitura de Itaboraí, foi a primeira instituição pública do país dedicada a autistas e 100% mantida pelo poder público, com todos os tratamentos e serviços gratuitos.

A dona de casa Judite da Conceição, 61 anos, sempre acompanha seus sobrinhos, Felipe, 23 anos, e Daniel, 21, ambos autistas, que fazem tratamento na CEA.

“Eles não falavam nada antes de vir pra cá, não se comunicavam comigo. Em três meses de fonoaudiologia, começaram a falar. Agora, conseguem dizer quando querem alguma coisa”.

Juidite também ressalta a importância da adoção da dieta sem glúten e caseína implementada na Clínica-Escola do Autista de Itaboraí, o que, de acordo com ela,melhorou muito a qualidade de vida de seus sobrinhos.

“Eu sigo a dieta direitinho, não deixo eles comerem nada que esteja fora do que foi determinado. O Daniel já sabe que não pode comer qualquer biscoito, só aqueles que a nutricionista liberou. Se um deles comer pão, já dá pra notar a agitação”, observa Judite.

A dona de casa ressalta a importância de se acreditar no tratamento, e de aguardar os resultados com paciência.

“Já vi mães dizendo que não queriam seguir os que eles pedem porque não viam resultado, mas elas não entendem que não é de um dia pro outro que a mudança acontece. É como uma escada: precisamos subir cada degrau a cada dia, sempre seguindo o que o médico e os terapeutas recomendam”, ressalta Judite. “Tanto o Daniel quanto o Felipe passaram a se interessar mais pelos trabalhos da escola, a se esforçar mais pra completá-los. As pessoas aqui estão ajudando a abrir a mente deles.”

Divulgação / Prefeitura de Itaboraí
Divulgação / Prefeitura de Itaboraí

Idealizadora do projeto da Clínica-Escola do Autista, Berenice Piana trabalha na instituição como orientadora de pais e familiares. Ela também é co-autora da lei federal que leva o seu nome e que obriga o Brasil a oferecer tratamento adequado a pessoas com autismo autistas no serviço público, assim como reconhece os autistas como pessoas com deficiência.

“Graças a Deus, a ideia da Clínica-Escola do Autista está se multiplicando. Dezenas de representantes de outros estados nos procuram pra conhecer melhor o projeto. Se ele não fosse bom, não estaria tendo tanto sucesso. Viramos referência para o Brasil todo”, comemora Berenice. “O tratamento de autistas é diferente do de outros casos, e por isso precisa ser diferenciado. Aqui, nos oferecemos essa diferença.”

A Clínica-Escola do Autista, inaugurada em 1º de abril de 2014, faz parte da rede municipal de ensino de Itaboraí, e atende hoje a cerca de 120 pessoas com autismo, oferecendo, gratuitamente, serviços de pedagogia, neuropediatria, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e orientação aos pais, entre outros. A instituição é 100% mantida pela Prefeitura, e já recebeu a visita de representantes de dezenas de cidades brasileiras em busca de know-how para a implementação do projeto em seus municípios.

“Acredito que a Clínica-Escola do Autista é um dos principais legados deixados pela nossa gestão. Fico feliz em poder ter contribuído, junto da Berenice e de todos os profissionais da Educação de Itaboraí, para fazer história e dar início a uma verdadeira revolução no tratamento do autismo no Brasil”, afirma o prefeito de Itaboraí, Helil Cardozo.

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