Flup 2017 busca em temas sociais inspiração para os poetas da periferia
Surgida em 2012 com uma sigla que fazia alusão às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a Festa Literária das Periferias (Flup) chega à sua 6ª edição com um “p’ a menos e a proposta de se converter em um evento de caráter quase permanente, programando uma série de atividades que têm início neste fim de semana e vão até dezembro.
Durante esta edição, aberta na noite de ontem no Museu de Arte do Rio (MAR), serão debatidos temas como trabalho escravo e infantil, machismo, racismo, guerra às drogas e a guetificação da cidade, inclusive através da poesia.
A ideia, segundo Julio Ludemir, um dos idealizadores e coordenador da Flup, é inspirar jovens poetas “no sentido de produzir um livro a ser lançado na Flup, no Vidigal, em novembro, e que os temas sejam aquilo que leva o Brasil ainda hoje explorar o trabalho infantil e a praticar diversas modalidades dessa escravidão”.
Por conta do nome, e da época em que foi criado, o evento chegou a ser visto como uma festa literária restrita às comunidades cariocas onde foram implantadas UPPs. No entanto, Ludemir destacou, em entrevista ao programa Arte Clube, da Rádio MEC do Rio de Janeiro, que desde o início a Flup era voltada para as periferias em geral.
“Nunca atuamos restritamente em áreas de UPPs. Nosso processo de formação, já no primeiro ano, passou pela Baixada Fluminense, por Vigário Geral. Quando a gente fez o Flupp , com dois “p”, estava tentando fazer uma provocação, mas no fundo dialogando com todos os projetos sociais do Rio de Janeiro”, explicou. Segundo ele, a eliminação do segundo “p” da sigla foi para deixar claro que não havia esse vínculo com o projeto de segurança pública.
“Alguns parceiros sempre nos confundiam como um projeto ligado à polícia, nos questionavam e em alguns momentos deixavam de vir. Sentimos a necessidade de abrir mão desse “p”, mesmo que tivéssemos a marca registrada, no sentido de deixar cada vez mais claro para os nossos parceiros que não temos nada a ver com esse projeto”, acrescentou.
A edição 2017 da Flup também dialoga com os aniversários de dois acontecimentos históricos, o centenário da Revolução Russa de 2017 e, a antecipação dos 50 anos do Maio de 1968. “Por conta disso, todas as nossas ações estão pensando, propondo e provocando grandes mudanças, não apenas as sociais, mas também as sociais”.
A Festa Literária das Periferias é uma realização da Associação Cultural de Estudos Contemporâneos (Acec) e conta com apoios do Ministério da Cultura, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Ministério Público do Trabalho, além da parceria com a Rio Filme.