Fóssil de 55 milhões de anos volta ao Parque Paleontológico
Nesta terça e quinta-feira (14 e 16/10), o Parque Paleontológico de São José, em Itaboraí recebe cerca de 200 alunos da rede municipal de ensino da cidade. O evento marca a abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNTC) no município. Na ocasião, os estudantes terão a oportunidade de realizar várias atividades relacionadas a três áreas de estudos do local: paleontologia, arqueologia e geologia.
“Essa série de atividades faz parte da nossa missão de aproximar cada vez mais a população do Parque, utilizando o lúdico para demonstrar seu inestimável potencial científico”, disse Luis Otávio Castro, gerente do Parque.
Os estudantes, divididos em dois turnos em cada um dos dias, acompanharão palestras educativas ministradas por Luis Otávio e Lilian Bergqvist, paleontóloga que dirige o Laboratório de Macrofósseis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estará em exibição um fóssil do xenungulado Carodnia Vieirai, que habitou Itaboraí há 55 milhões de anos e hoje é objeto de estudos na UFRJ.
A tecnologia se unirá ao passado na nova sala de vídeo do Parque, onde serão exibidos filmes científicos. O local, construído com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), tem tecnologia para exibição em 3D.
As crianças e jovens poderão conferir, ainda, as trilhas do Parque, agora já sinalizadas para facilitar o acesso.
Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
É coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e realizada nacionalmente desde 2004. Conta com a colaboração do setor público e privado, de fundações de apoio à pesquisa, de entidades e instituições de ensino, divulgação e pesquisa. Além de secretarias estaduais e municipais, em especial de Ciência e Tecnologia (C&T) e Educação.
O objetivo desta semana é democratizar o acesso ao conhecimento cinetífico e aproximar a população da ciência e da tecnologia. Assim, promovendo e estimulando atividades de divulgação científica em todo o País. Em 2013, foram realizadas aproximadamente 34 mil atividades em 742 cidades brasileiras, coordenadas por mais de 1,1 mil instituições.
O Parque Paleontológico de São José
Em 1928, um fazendeiro achou pedaços de rocha que considerou interessantes. Levou para análise e descobriu que se tratava de calcário. Com isso, a área foi vendida para a Companhia Nacional de Cimento Mauá, que aproveitou o material na construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e do Estádio Mário Filho (Maracanã). A fábrica foi visitada por grandes personalidades, incluindo alguns presidentes da república, sendo considerada uma das experiências mais bem-sucedidas de fabricação de cimento no país.
Com a exploração mineral, descobriram-se vestígios arqueológicos. E quando o calcário terminou, em 1984, restou uma depressão de 70 metros, que foi progressivamente coberta com água da chuva e de veios subterrâneos, erguendo um grande lago. Seis anos depois, em 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação. Com isto, em 1995, nascia o Parque Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.
No Parque já foram descobertos fósseis de diversos mamíferos, gastrópodes, répteis e anfíbios, se destacando o tatu mais antigo do mundo e o ancestral das emas. Ambos do Paleoceno, datados de cerca de 55 milhões de anos. Foram achados, também, fósseis de preguiça gigante e mastodonte, da Idade Pleistocênica (aproximadamente 20 mil anos). Também foram encontrados restos arqueológicos, evidenciando a presença do homem pré-histórico no local.