Hipoglicemia: Glicose é combustível para o corpo
Fome, tontura, sudorese, taquicardia, apreensão, tremor, fraqueza, dor de cabeça, confusão mental e, em casos mais graves, coma e convulsão podem ser sintomas de Hipoglicemia, que ocorre com a diminuição dos níveis glicêmicos no organismo. A glicose é o combustível obrigatório para o adequado funcionamento do cérebro, além dos demais órgãos e tecidos do corpo. Os seus níveis na corrente sanguínea são controlados de forma rigorosa pela secreção de hormônios, que induzem a retenção ou a liberação pelas células responsáveis pelo armazenamento de glicose, especialmente nas células do fígado.
“Descobri minha hipoglicemia na adolescência. Tudo aconteceu quando comecei a fazer dietas malucas para emagrecer, pois sempre tive um tipo físico mais fortinho. Queria ser magrinha e fiz muitas coisas loucas, cheguei a fazer uso de produtos laxativos e emagreci 12 kg em um mês. Ao perceber que eu estava muito magra, minha mãe me levou ao médico. Ele pediu vários exames. Após sair do laboratório, eu fui ao banco com minha mãe e tive um desmaio”, relata Glaucia, 28 anos, estudante de psicologia.
Em caso de falta de glicose no organismo, o corpo passa a produzí-la a partir de gorduras e proteínas estocadas. A hipoglicemia, portanto, se deve basicamente a uma falta grave de glicemia ou a uma falha nesta complexa regulação. As duas principais causas são o uso de medicamentos para controle do Diabetes Mellitus e o uso exagerado de álcool, que respondem pela grande maioria dos casos. As demais causas de hipoglicemia são muitas e variadas, a maior parte delas são muito raras.
De acordo com médico de família Marcelo Pellizzaro, consultor técnico da Coordenação Geral de Atenção as Pessoas com Doenças Crônicas do Ministério da Saúde, pessoas que apresentam quedas frequentes dos níveis glicêmicos, antes de tudo devem ter definida a causa dos eventos junto com a sua equipe de saúde, já que não é algo comum pessoas que não abusam de álcool e que não tomam medicamento para controle de Diabetes apresentá-las.
A engenheira Larissa Marconi, de 29 anos, também tem hipoglicemia e segue dieta para controlar os níveis glicêmicos. “Realizo acompanhamento da hipoglicemia com um médico endocrinologista, com uma dieta isenta de açúcar, consumo de alimentos integrais e de carboidratos de baixo índice glicêmico, que não provocam picos de insulina. Além disso, tento reduzir o estresse, ter uma boa noite de sono e realizar atividades físicas com regularidade para o controle do distúrbio”, conta.
O consultor Marcelo Pellizzaro explica que a maioria dos casos de hipoglicemia é causada por medicamentos para controle de diabetes (os chamados hipoglicemiantes) ou por uso inadequado de álcool, sendo frequente também dietas inadequadas sem as devidas recomendações médicas e nutricionais. “As principais ações para evitar a queda inapropriada dos níveis glicêmicos são o uso correto das medicações prescritas (com especial cuidado de não usar doses superiores ao recomendado) e o consumo moderado (ou não consumo) de álcool. Além disso, é importante se alimentar adequadamente ao longo do dia, procurando sempre que possível seguir a recomendação de se alimentar de 3 em 3 horas, com a realização de 6 refeições diárias (3 principais – café, almoço e jantar – e 3 lanches – lanche do meio da manhã, lanche do meio da tarde e lanche antes de dormir), e evitando assim longos períodos de jejum”, recomenda.
O médico explica que os mesmos cuidados devem ser observados para pessoas que pretendem emagrecer ou ganhar massa muscular. “De todas estas observações, porém, a mais importante para essas pessoas especificamente é a realização de seis refeições diárias, frequentemente ignorada pelas pessoas em “dieta para emagrecer”. As pessoas interessadas podem procurar a ajuda de sua equipe de saúde para individualização das recomendações e para acompanhamento neste processo”, ressalta.
Segundo ele, é indicado, ainda, para a prática de exercícios, fazer um pequeno lanche antes e após a atividade, além de cuidar da hidratação e, para pessoas com diabetes, um adequado controle de saúde com a sua equipe de tratamento e a correta utilização das medicações e dietas prescritas, é importante ficar alerta para a redução da dose da medicação quando não for possível se alimentar adequadamente. É importante ressaltar que esta última recomendação dirige-se para situações pontuais e que não se deve pular ou reduzir refeições deliberadamente, o que traz riscos para diversas complicações do diabetes.