Hospital do Estado realiza com sucesso reimplante de braço
Quem vê o sorriso alegre do menino Mateus Ramos Monteiro, de 6 anos, brincando de joguinho no tablet, mal pode imaginar que há apenas quatro meses ele passou por uma cirurgia rara e de alta complexidade para reimplante do braço. Após sofrer um grave acidente de carro em julho deste ano, Mateus teve seu braço direito amputado pelo forte impacto. De acordo com o coordenador do programa SOS Reimplante do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, o microcirurgião João Recalde, para o tipo de amputação sofrida pela criança, quase na altura do ombro, a equipe médica teve que fazer um procedimento cirúrgico de grande porte, considerado um caso único até mesmo para o programa, que funciona desde 2009 e é referência na área tendo realizado mais de 500 cirurgias.
– Já fizemos outras cirurgias de reimplante de braço em crianças e adultos, mas nunca tivemos um caso tão complexo como este, pelo local em que ocorreu a amputação. Por ser muito delicada a recuperação do membro, o caso normalmente não teria indicação de reimplante. Mas toda a equipe ficou muito sensibilizada pela história e resolvemos fazer mesmo assim. Agora está sendo recompensador ver a recuperação da criança, tão ativa e falante – afirmou o microcirurgião.
A operação que recolocou o braço de Mateus mobilizou oito profissionais entre cirurgiões, anestesistas e enfermeiros. No primeiro procedimento de emergência, que durou cerca de cinco horas, os médicos fixaram o osso e refizeram a circulação das artérias e veias. Desde então o menino passou por outras seis cirurgias para concluir o reimplante, recolocando, em cada fase, pele, músculos no braço e enxertando nervos. Além disso, a criança ainda passou por outras oito cirurgias para reparação dos danos provocados pelo acidente.
Após passar pelo CTI em três meses de internação, a criança volta agora ao hospital regularmente para consultas de reavaliação e sessões de fisioterapia. Para o pai, o sargento da Polícia Militar Sandro Monteiro, de 43 anos, a sensação é de que seu filho nasceu de novo.
– Agora é uma questão de tempo para que o movimento do braço e a sensibilidade da mão sejam recuperados. Mas ele já brinca de vídeo game e vem mostrando uma ótima recuperação. Foi um verdadeiro milagre – comemorou Sandro.
Mesmo tendo plano de saúde, o pai afirma que resolveu manter Mateus no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes pela qualidade do atendimento que recebeu na unidade.
– Fiquei surpreso de receber um atendimento nesse nível de qualidade na rede pública de saúde. Nem pretendo recorrer ao plano – disse.
Como socorrer a vítima
Ao socorrer a vítima de amputação traumática de extremidades, um dos pontos mais importantes é acondicionar de forma correta o material amputado, que deve ser mantido a 4ºC. A maneira mais simples para isso é colocar a parte amputada em um saco plástico resistente, lacrar com fita adesiva e colocá-lo em um ambiente com água e gelo picado, distribuídos meio a meio, como numa caixa de isopor. Quanto mais rápido o paciente chegar ao hospital, melhor. Para garantir seu sucesso, o ideal é que a cirurgia de reimplante seja feita em até seis horas após o acidente.
Como é o tratamento
Uma vez feita a cirurgia, após a alta o paciente é acompanhado no ambulatório para troca de curativos, retirada de pontos e, quando necessário, do material de fixação dos ossos. A segunda fase da recuperação é o atendimento por um grupo de terapeutas ocupacionais para iniciar a reabilitação funcional. O objetivo é recuperar os movimentos e a sensibilidade da parte amputada para que o paciente possa ser completamente reintegrado à sua rotina. Em geral, o acompanhamento leva de 2 a 3 anos, que é o tempo necessário para a recuperação motora e sensitiva.