Menino de 16 anos morre depois de ser baleado no Complexo do Alemão, no Rio
O estudante Felipe Farias Gomes de Souza, de 16 anos, foi morto ontem (26), depois de ser baleado durante um tiroteio no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele morreu dois dias depois de outro adolescente, Paulo Henrique de Moraes, de 13 anos, ter sido baleado e morto no Complexo do Alemão.
Moradores faziam ontem um protesto contra a morte de Paulo Henrique, nos acessos ao Complexo do Alemão, quando houve um tiroteio e Felipe foi atingido, por volta das 20h30.
O Complexo do Alemão, que há anos é cenário de tiroteios, tem sido palco de confrontos mais intensos desde a última sexta-feira (21), por conta da proposta da Polícia Militar de instalar uma cabine policial blindada no Largo do Samba.
Para implantar a cabine, policiais militares invadiram a casa de um morador em março e estão usando o local como ponto de operação.
Amigo amado por todos
De acordo com família, ele idealizava alcançar objetivos como muitos de sua idade: ter uma moto, ingressar nas Forças Armadas e, futuramente construir uma família. Os sonhos do rapaz, porém, foram impedidos por um tiroteio. Ele estava num beco do conjunto de favelas e foi atingido na cabeça.
— O sonho dele era construir uma família e dar uma condição melhor para a mãe, que o criou desde criança. Queria conquistar alguns objetivos, como comprar uma moto, servir ao Exército, porque ele tem exemplos de militares na família. Falava muito em realizar esse sonho — contou um parente do rapaz, que pediu para não ser identificado.
Felipe é descrito como uma pessoa cheia de amigos, bastante carismática, brincalhão, sorridente e bem quisto na comunidade onde residia, conforme relatos de parentes e pessoas próximas. Filho mais novo, o adolescente era muito ligado à mãe.
— Ele era amigo íntimo da mãe. Era o xodó dela. A mãe dele está sem chão — afirmou o familiar, que continuou. — A família está abaladíssima. É um choque muito grande você receber a notícia de que um parente seu foi baleado. Coisa que a gente nunca espera viver.
Felipe foi levado por moradores para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão e, posteriormente, transferido para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte.