Niterói é a passarela da Louis Vuitton
Na tarde deste sábado (28/05), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) recebeu um evento de grande renome internacional: o desfile da marca francesa Louis Vuitton. O prefeito Rodrigo Neves acompanhou o evento.
“Iniciamos as tratativas com a Louis Vuitton em outubro e de fato esta é uma das enseadas mais bonitas do mundo. Para Niterói é um prazer e um orgulho receber tantos visitantes ilustres. E a Louis Vuitton tem muito a ver com o MAC que é uma obra do maior gênio da arquitetura brasileira, o mais importante da arquitetura mundial, Oscar Niemeyer. Este lugar é único no mundo, pela paisagem natural, pela enseada e também pela obra que é única não apenas no Brasil mas no mundo. Então é uma satisfação pra Niterói receber o lançamento da coleção neste ano”, falou o prefeito.
A Maison Louis Vuitton tornou-se tropical ao levar a arte de viver francesa ao Brasil, cuja utopia ambiental oferece o cenário ideal. O arquiteto Oscar Niemeyer harmoniza o paradoxo do civilizado versus o natural. Afinal, não é verdade que a palavra utopia reflete o desejo de inovar? Significando fantasia, ela se conecta perfeitamente com a linguagem da moda. O idealismo brasileiro e o Rio de Janeiro são o ponto de partida para o desfile Cruise 2017. A coleção captura a vitalidade, a energia, o multiculturalismo, a liberdade, o urbanismo futurista e o romantismo do país — todos os sentimentos dinâmicos que a cidade inspira.
Vestidos com um espírito moderno ilustram uma nova silhueta aerodinâmica. As pequenas listras nas calças alongam a silhueta.Saias luxuosamente bordadas parecem ter sido rapidamente confeccionadas, à maneira de uma toalha de praia. Thongs modernos e sneakers neoprene falam de uma heroína que está constantemente em movimento. Quando ela passa pelos corredores curvilíneos do museu, toda a atenção se volta para ela. E se move em direção ao seu baú de rádio portátil que traz um tom musical ao savoir-faire da Maison.
A coleção Cruise 2017 também faz uma homenagem a dois grandes artistas brasileiros:
Helio Oiticica foi um dos pioneiros do movimento neoconcretista e um explorador do espaço por meio da pintura. Suas obras tridimensionais mostram uma experimentação corporal com as cores. Em particular, o seu tecido de “roupas de luz”, tendas de lona e paraquedas, transformado em capas e vestidos, torna-se um lugar onde o corpo pode se movimentar livremente.
Nicolas Ghesquière retoma o princípio da leveza: parkas revelam-se como pipas, enquanto vestidos com capa em tafetá parecem antecipar a chegada de novos ventos.
Aldemir Martins, um artista reconhecido por suas pinturas de flora e fauna, representou a vitalidade de sua região de origem, o Nordeste. Apaixonado pela cultura popular brasileira, e particularmente pelo futebol, ele fez uma homenagem ao Pelé em uma de suas mais famosas obras, “A Fera” (1969).
Durante sua visita ao Museu de Arte de São Paulo, Nicolas Ghesquière foi à exibição “Coleção Rhodia”, um acervo com 79 obras encomendadas pela companhia francesa Rhodia nos anos 60 para artistas brasileiros a fim de promover uma narrativa sintética no país. O designer retoma a obra de Martins dessa coleção, reformulando-a de acordo com os clássicos da Maison.
“Eu admiro muito o poder da convicção de Oscar Niemeyer. Sua visão, sua radicalidade, até sua utopia. A possibilidade de apresentar uma coleção de moda em um espaço tão arquitetonicamente poderoso é uma experiência sensorial. No Rio de Janeiro, o que mais vi foram o movimento e a energia explosiva que se situam em algum lugar entre o modernismo e a tropicalidade. Fiquei fascinado com a constante dualidade entre a natureza e o urbanismo e a explosão pictórica que ela cria. Para mim, a questão principal era como incorporar em minha coleção todos esses elementos que são parte da cultura brasileira, sem esquecer que sou apenas um visitante que traz suas próprias referências culturais parisienses e francesas ao momento.”  – Nicolas Ghesquière