O vexame, o quase e o ‘espírito de porco’

Jogadores brasileiros comemoram gol contra a Sérvia | Divulgação / Mowa Press

Todo mundo tem o seu dia de 7 a1. Na vida pessoal, no trabalho, no esporte… A Alemanha passou por ele nesta quarta-feira (27). Perder (0 a 2) para a (eliminada e fraca) Coreia do Sul só não é pior que um certo revés acachapante em semifinal de Copa por dois motivos: pela questão matemática do placar (óbvio) e pelo fator “vexame em casa”. Mas, ainda assim, deve ser uma dor tão forte quanto. Em épocas de total intolerância em redes sociais, não irei aqui apontar qual “tragédia” é maior, até por ser difícil responder a essa indagação. O que não se pode negar é aquilo que entra para a história. Os dois acontecimentos já estão lá. E o Brasil, sofredor do primeiro deles, há quatro anos, está nas oitavas de final da Rússia 2018. Seu algoz, não.

Quem também fez o possível para figurar nestas páginas do inacreditável foi o México. Tem que agradecer aos asiáticos por ter escapado. Imagina alguém que começou batendo os últimos campeões e venceu na rodada seguinte, alcançando 100% e seis pontos. Perder uma única vez e não se classificar para a próxima fase seria surreal, não é mesmo? Pois bem. Quase aconteceu. Aplausos para a Suécia, que – sem Ibrahimovic – segue viva quando pouquíssimos acreditavam, antes mesmo de o torneio começar. Sobre o craque do Los Angeles Galaxy, vale lembrar que foi uma opção dele se ausentar da seleção após a UEFA Euro e ficar de fora das Eliminatórias para o Mundial. Assim como foi escolha do treinador “rejeitá-lo”. Nenhum lado pode se sentir ferido neste conto. A lástima fica na parte sul-coreana. Pois, se o México fizesse seu papel, a ajuda seria mútua e o anfitrião de 2002 também caminharia para as oitavas. Neste caso, seja por ironia do “destino” ou não, apenas um necessitado ofereceu ajuda ao próximo.

Suécia vence e se classifica em primeiro no Grupo F | Divulgação SVFF

Outra questão complexa de se entender é como as equipes que já têm a eliminação decretada estão levando a sério o “amistoso de luxo”. Arábia Saudita venceu Egito no duelo dos condenados, porém o triunfo foi do time tecnicamente inferior. Marrocos impediu com que a Espanha fizesse os três pontos e vendeu caro um “mísero” empate. O Peru teve espírito de porco e despachou a Austrália que ainda sonhava. Teve também a Croácia que, já com a vaga e colocando em campo o chamado “time alternativo”, superou a então vivíssima Islândia. Por sua vez, a Coreia, como já citado, tinha chances remotas e atazanou os alemães até derrubá-los. Finalmente, a única a não ter marcado sequer um gol até horas atrás engrossou o caldo hoje. A Costa Rica buscou duas vezes a igualdade com a Suíça e a tirou a ponta da chave do Brasil.

Alemanha, de Özil, dá adeus ao Mundial da Rússia | Divulgação DFB

Nesta quinta, haverá um confronto entre dois países que já compraram a passagem de volta para casa. Bem parecido com Arábia e Egito será o clima para Panamá e Tunísia. Um pouco antes, vamos ver o que a Polônia vai aprontar (ou não) diante dos japoneses, que lutam por um lugar entre os 16 melhores.

Além disso, Inglaterra e Bélgica jogam pela supremacia no Grupo G, e a Colômbia tentará a sorte com Senegal, num encontro pela sobrevivência para ambos. Numa Copa de incertezas, uma coisa é garantida: não há bolão (de palpites) que não tenha sido drasticamente afetado.