Seca faz Rio Paraíba do Sul atingir menor nível em 92 anos

Seca faz Rio Paraíba do Sul atingir menor nível em 92 anosA situação é preocupante. Há pelo menos seis meses sem chuvas significativas, a região Sudeste vem sofrendo os reflexos da seca. Entre os maiores prejudicados está um dos símbolos de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense: o Rio Paraíba do Sul, que banha os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. De acordo com a medição feita pela Defesa Civil na última quarta-feira, o nível do rio está em 4,60 metros, o que representa a cota mais baixa nos últimos 92 anos. Aliado ao problema, o Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão disse que a falta de chuva pode acarretar problemas na cidade em 30 dias.

Segundo o subsecretário de Defesa Civil, Major Edson Pessanha, desde 1922 o Paraíba não apresentava esse índice. Em nível de comparação, o rio deveria ter, pelo menos, um metro a mais para estar dentro do padrão considerado normal.

“Podemos afirmar que estamos enfrentando uma das piores crises da história com o menor nível do Rio do Paraíba, o que é muito preocupante, já que a situação vem se mantendo desde o começo do ano” disse Pessanha, através de nota emitida pela assessoria de imprensa de Campos de Goytacazes.

Os índices podem ainda piorar, segundo afirmou o major, uma vez que não há previsão de chuvas por enquanto. “Não temos previsão de chuvas, mas temos esperança que um verão chuvoso venha por aí, para que possa reverter o quadro”, destacou.

Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea), a falta de chuva nesse período deixou a região mais prejudicada por causa da falta de cobertura vegetal. “Na realidade, a floresta ajuda a controlar as enchentes e, na época da estiagem, ela aumenta a vazão mínima dos rios”, explicou Adact Otoni, engenheiro do Crea.

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, de toda a área da bacia, restam apenas 26% de cobertura vegetal. Dois terços das águas do Paraíba são desviados para o Rio Guandu, que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio, área em que predominam os morros sem área verde.

Para os moradores em torno do Rio Paraíba do Sul que dependem da pesca ou outras atividades, a situação é preocupante, como é o caso do morador de São Fidélis, Manoel Compelo: “É muito preocupante a situação do Rio Paraíba do Sul. Até a pureza da água não é mais a mesma. Além disso, está muito baixo o nível da água, já quase não se vê mais barcos navegando e em alguns lugares só se vê pedras”, disse.

Seca faz Rio Paraíba do Sul atingir menor nível em 92 anosProblemas

O problema das secas já começou a atingir o Rio de Janeiro. Em Petrópolis, por exemplo, um incêndio de grande proporção em diversos pontos da cidade já acontece há dois dias, tendo inclusive a solicitação de ajuda pedido pelo prefeito da cidade ao Governo Federal para conter as chamas.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) admitiu, na última quinta-feira, que pode faltar água no Rio de Janeiro, caso não chova no estado no período de 30 dias. Segundo ele, a redução na vazão do Rio Guandu pode causar problemas no abastecimento. Ele não descartou a hipótese do Rio fazer racionamento de água.

“A gente ainda tem o sistema de Ribeirão das Lajes, da represa da Light, e a vazão que está se tirando em Santa Cecília. Mas se a seca continuar pelos próximos 30 dias, vamos ter problemas”, disse Pezão.

O alerta foi feito durante sabatina realizada por um jornal carioca. Pezão explicou que em períodos de seca o reservatório de Ribeirão das Lajas é estratégico. No entanto, o governador disse que conversou com pessoas na base dos Bombeiros em Petrópolis, que garantiram que os radares apontam a proximidade do período de chuvas.

“Ele é um reservatório que garante 21 a 30 dias de emergência. Agora começa o período de chuvas. Parece que vai começar a chover. A seca está muito grande”, explicou.