Idosos voltam a estudar em Itaboraí

idososItaVoltar a estudar depois de um longo tempo sem prática não é fácil. Mas, em Itaboraí, esse desafio tem se tornado mais simples com a ajuda do projeto Recomeçar, que permite que pessoas que não tenham como comprovar escolaridade façam uma avaliação para serem encaminhadas a uma turma com potencial equivalente ao seu.

“Com essa avaliação eles ganham condições dar continuidade aos estudos em uma turma que esteja no seu nível. Isso trabalha a autoestima dos idosos e faz com que eles se envolvam mais com a escola. Nossa ideia é expandir ainda mais essa iniciativa”, afirma a secretária de Educação, Susilaine Duarte.

Alunos agradecem

Para os idosos que moram em locais de difícil acesso, a prefeitura disponibiliza quatro ônibus, que fazem a condução dos estudantes até a unidade mais próxima. Na Escola Geremias de Mattos Fontes, em Sambaetiba, o ônibus escolar atende 18 pessoas, dentre eles a senhora Gilza Souza, de 53 anos. Já na reta final para terminar o seu ensino fundamental, ela diz que só voltou a estudar por causa do transporte grátis.

“Parei de estudar para ajudar a minha família, trabalhei como doméstica durante muitos anos, mas sempre quis estudar. As dificuldade da vida me levaram para outros caminhos, no entanto o sonho de ser médica sempre ficou aqui guardado comigo. Hoje, se não fosse o ônibus não poderia alimentar esse meu sonho novamente. Meus filhos já estão criados, tenho até netos e chegou a hora de cuidar de mim”, diz Gilza.

Histórias de amor e superação também fazem parte do “currículo” de alguns alunos da EJA. O casal Marilene Feliciano, de 40 anos, e Eraldo Machado, de 39, se conheceram e se apaixonaram na EJA, mas adversidades da vida os fizeram parar de estudar. Porém, eles não desanimaram e juntos criaram uma estratégia para voltar a estudar.

“Sou deficiente física e para estudar sempre foi muito difícil. Morava muito longe do ponto e dependia de minha irmã para estudar. Ela precisou parar para cuidar da nossa mãe e eu também parei. Na segunda vez que voltei a estudar, também com a ajuda de uma irmã, a vida me presenteou com o Eraldo. Nos apaixonamos e prometemos um para o outro que iríamos retomar os estudos. Nos casamos, compramos um terreno mais perto da escola, construímos uma casa adaptada e hoje pude voltar a estudar”, contou Marilene.

Atualmente, a cidade conta com 18 escolas que fazem parte do programa de Educação de Jovens e Adultos (Eja), atendendo por volta de três mil alunos, cerca de mil a mais que em 2013, quando uma nova política foi implementada no setor. A Escola Municipal Therezinha de Jesus é uma das poucas no Estado do Rio de Janeiro com um espaço exclusivo para o atendimento de idosos com educação em tempo integral. Além do conteúdo ensinado na sala de aula, os estudantes contam com aulas de informática, dança pintura e passeios nos horários alternativos.

Parcerias

Todos os professores envolvidos no programa Eja são inseridos em atividades de formação com universidades parceiras, como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com isso, cada educador pode aperfeiçoar as práticas de ensino para esse público específico.

Esse trabalho rendeu a Itaboraí uma menção honrosa durante a entrega da Medalha Paulo Freire, uma das mais relevantes premiações do Ministério da Educação (MEC). O projeto ficou entre as 10 melhores iniciativas do Brasil, sendo o único finalista do Estado do Rio de Janeiro.

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