Jardim de Infância Municipal Menino Jesus atende crianças autistas em SG

O pequeno Caio, de 4 anos, desde o ano passado estuda no Jardim de Infância Municipal Menino Jesus, no bairro Zé Garoto na parte da manhã. Autista, é capaz de desenhar qualquer coisa que vê no computador ou na TV. Além disso, ensina os colegas não autistas a mexer no equipamento. É muito brincalhão e amoroso. É uma das oito crianças autistas do estabelecimento, que tem 150 alunos, sendo 16 com necessidades especiais, de 3 a 6 anos.

“Procurei outros colégios, inclusive em Niterói e ninguém sabia dizer o que ele tinha. Eu achava que era preguiça. Ele não se adaptou a nenhum lugar. Até que eu soube daqui. Quando o Caio veio para esta escola do município, as professoras logo identificaram o autismo. Antes, não era de conversar com ninguém. No 1° mês, ficava embaixo da mesa da professora. No segundo, brincava apenas no chão e no terceiro, já se sentava na cadeira dele. Hoje brinca com os outros coleguinhas”, relatou a mãe dele, a comerciante Liana Campelo, 46.

A dona de casa Merejane da Silva, 34 e o vigilante Diogo Lopes Rodrigues dos Santos, 27, pais de Ana Beatriz, 5, penaram também até encontrar o Jardim de Infância.

“Em outras escolas, inclusive particulares, os outros alunos e professores a maltratavam. Não trocavam a frauda e a deixavam suja. Ficou traumatizada de colégio e um ano em casa. Aconselhados pela APAE (Associação de Pais de Alunos Excepcionais), a matriculamos aqui com três anos de idade e ela melhorou muito. Interage com outras crianças e se alimenta sozinha. Aqui todos abraçam a causa. Só temos a agradecer”, contou Merejane.

A dona de casa Leucitomia Mireli Silva de Matos, 45, mãe de Natan, 5, também “peregrinou” até encontrar a escola. “Não encontrava nenhum lugar capacitado para atender autistas. Até que me falaram daqui. No primeiro dia, ele abraçou todo mundo e na hora de embora, não quis sair. Adora usar o computador. Aqui ele se sentiu acolhido, como se estivesse em família”, disse.

O Jardim de Infância Menino Jesus existe há mais de 50 anos. Tem dois turnos: manhã (8h ao meio dia) e tarde (13h às 17h). “Do porteiro à direção, passando pelos professores, todos são capacitados para atender crianças com necessidades especiais. Os alunos ficam em turmas junto com outros alunos sem deficiência e depois, usam a Sala de Recursos, especialmente para eles, onde eles trabalham a individualidade e o próprio potencial. Nas salas de aula, contam com professor de apoio”, informou a diretora Mônica Ferreira dos Santos. O estabelecimento concorre ao Prêmio Melhores Práticas – Versão 2015, da Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), pelo atendimento a estudantes autistas.

Na rede pública municipal há 93 alunos autistas. Destes, 42 estão concentrados no 1° distrito (Centro). Há 79 meninos e 16 meninas.

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