Paul McCartney emociona público em show no Rio
Aos fãs que compraram ingressos pela internet, um alerta, talvez em referência à cultura britânica: Paul McCartney é um “artista pontual”. Pois bem.
O público só não foi alertado que, em terras tupiniquins, o relógio é sempre um algoz e um desencontro de informações marcou o terceiro show de Macca no Rio.
No site da empresa que promovia a venda dos tickets, informações davam conta de que os portões da HSBC Arena, na Barra, onde o evento foi realizado, abriria às 19h30. Nas comunicações eletrônicas a quem efetuava a compra, o horário era outro: 17h30.
Mas, como era show de um dos Fab Four, todos os esforços foram necessários. Da chuva repentina que caiu justamente no tempo de espera de abertura da entrada até a revista sutil feita pelos seguranças, os minutos que se sucederiam valeriam mesmo a pena.
Quanto ao show, mais um atraso. Estamos no Brasil, né? Apesar de toda a pontualidade britânica de Paul, o artista deve ter tido mesmo que se render ao costume nada indisciplinado do brasileiro. Meia hora depois do previsto, às 22h30, eis que as luzes apagam e a multidão de cerca de 15 mil pessoas vai ao delírio.
Sim, entra o Sir já entoando Eight Days a Week. Logo no início, já justifica puxando no “s” do carioquês: “ E aí? Vou tentar falar português mas vou falar mais em inglês, beleza?”.
Logo depois, ressaltou que pegaria uma guitarra que usou em muitas gravações nos anos 60, quando ainda estava nos Beatles. Hora de o público ir à loucura: Começava Paperback Writer.
E a sequência foi recheada de homenagens e referências. Claro, cantou “My Valentine” para a esposa Nancy Shevell, uma tímida “Here Today” para o parceiro John Lennon, uma vivaz e arrepiante “Something” para George Harrison, “Maybe I´m Amazed” para sua amada falecida esposa Linda McCartney e “Lady Madonna” para as mulheres de renome mundial como Eva Peron, Marilyn Monroe e até a contemporânea Kate Middleton, com imagens que surgiam aleatoriamente no telão.
E, quem diria, até dedicou uma música ao público: “Everybody Out There”. Mas a afetividade com os espectadores não se limitou à melodia e, lá pelas tantas, perguntou em inglês: “Está todo mundo bem?”. E, claro, foi ovacionado mediante tanta gentileza.
Mas o momento que fez sacudir a plateia de vez aconteceu ao som de “Live and Let Die”, quando fogos e luzes pipocaram pelo palco e pela arena, fazendo o calor das emoções se juntar à atmosfera quente e intimista que o artista provocava.
Mais algumas músicas adiante, como “Day Tripper” e “Hey Jude” , e a noite já parecia chegar ao fim. Depois dos tradicionais encores, terminando com “Golden Slumbers”, “Carry that Weight” e “The End”, o público ouviu um “Até a próxima” (“See you next time”).
E lá se foi Paul, deixando fãs emocionados e, mais uma vez, desavisados sobre a saída caótica que se desenrolaria minutos depois com um trânsito totalmente parado. Os carros estacionados na HSBC Arena levaram pouco mais de uma hora para deixarem o local.
Mas, de alma lavada, tudo era festa. Ninguém já mais ligava. Os cariocas tinham ganhado um mega presente antecipado de Natal do Sir McCartney com mais de 30 músicas. O Rio de Janeiro , ignorado por muitos artistas internacionais em turnê, merece. Valeu, Paul.