Ex-flanelinhas de Itaboraí celebram inserção no mercado formal

Prestes a completar seis meses de atividades, o Ita Rotativo, além de ordenar a utilização de 500 vagas de estacionamento no Centro de Itaboraí, vem garantindo geração de renda e melhoria na qualidade de vida dos 60 operadores autônomos contratados para operar o sistema nas ruas da cidade. Os trabalhadores, hoje vinculados à Associação dos Guardadores Autônomos dos Municípios de Rio Bonito e Itaboraí (Agarbi), estavam desempregados e viviam na informalidade.

“Minha vida se organizou tanto, que eu trouxe meu pai pra trabalhar aqui também. O bem que tenho para mim, também quero para ele”, diz Marcelo Martins, que trabalha na Praça Marechal Floriano Peixoto desde o início das atividades.

Antes de ser contratado pela Agarbi, Marcelo agia como flanelinha, atividade que exerceu por dois anos.

“Eu trabalhava informalmente, e muita vezes era desrespeitado. Não tínhamos como saber o quanto eu ganharia até o fim do mês. Hoje, já posso planejar os meus gastos. Além disso, com a rotatividade, sobram vagas nas ruas, e os motoristas sempre encontram lugar para parar. Foi bom para eles também”, completa Martins.

Segundo o secretário municipal de Transportes de Itaboraí, Cláudio Ivanof, o Ita Rotativo, além de gerar empregos na cidade, garantiu o ordenamento nas principais ruas do Centro.
“Trabalhando com uniforme e identificação, os operadores são respeitados pelos motoristas, que cumprem as regras estabelecidas”, afirma Ivanof.

Com oito horas diárias de trabalho, os operadores chegam a receber cerca de R$ 1.200 por mês, e têm à disposição na sede da Agarbi armários individuais para guardar seus pertences, além de geladeira, microondas e refeitório.

Também exercendo a função de operadora do Ita Rotativo, Alessandra Luzia Garcia atua na Avenida 22 de Maio, a principal via da cidade. Ela lembra que já fez “de um tudo nessa vida” para não passar necessidades. Agora, se sente feliz e tranquila com o trabalho formal.

“Já fiz varrição, fui camelô, vendi frutas, trabalhei com biscates em geral. Até segurança eu já fiz. Precisava ganhar a vida de alguma maneira. Quando apareceu essa oportunidade no Ita Rotativo, não perdi tempo. Aceitei na hora, e hoje estou muito feliz. A cidade também está mais organizada. Tenho escutado muitos elogios”, declarou Alessandra.

O diretor-presidente da Agarbi, Luciano Andrade, solicitou ao município a ampliação do Ita Rotativo a outros bairros da cidade.

“Desta forma, a Prefeitura pode gerar ainda mais oportunidades”, aposta.

O trabalhador autônomo Luiz Carlos Guimarães, 58 anos, não teve dificuldades para estacionar seu carro em frente à sede da Prefeitura, na Praça Marechal Floriano Peixoto, numa quarta-feira, por volta das 9h30. Morador de Volta Redonda, ele aprovou a implementação do Ita Rotativo.

“É a melhor forma de organizar as vagas de estacionamento. Considero o preço justo, compensa pelo resultado. Dessa forma, as pessoas não abusam. Param o carro apenas pelo tempo necessário, e isso acaba dando chances para que outros motoristas encontram lugar para estacionar também”, afirma Luiz Carlos.

Dono de um restaurante em fente à Praça Marechal Floriano Peixoto, o empresário Faustino Martinez, em princípio, era contrário à implementação do sistema. Mas mudou de opinião.

“Assim como eu, algumas pessoas eram contra. Mas, depois que implementaram o sistema, percebi que o resultado está sendo muito satisfatório. Meus clientes agora conseguem parar o carro com facilidade mais próximo do restaurante. Isso facilitou a vida deles, ajuda a aumentar o nosso movimento”, avalia o empresário.

Como funciona o sistema

O operador autônomo do Ita Rotativo tem como remuneração 40% do que arrecada com a venda dos talões. Dos 60% restantes, 45% são destinados aos custos da operação, e 15% vão para o Fundo Municipal de Transporte, órgão responsável pelos investimentos da Prefeitura em capacitação de pessoal, instalação e manutenção de equipamentos utilizados em vias públicas, como semáforos, abrigos de ônibus, placas de sinalização e outros.

O principal objetivo do sistema Ita Rotativo é organizar e disciplinar o uso de vagas de estacionamento nas ruas da cidade. O desrespeito às normas de uso dos tickets nas áreas de estacionamento rotativo pode gerar punições para os motoristas, segundo o Código Brasileiro de Trânsito. A multa é de R$ 53,20, ocasionando a perda de três pontos na Carteira Nacional de Habilitação.

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