Seguidores da umbanda e candomblé lançam aplicativo de denúncia

Nos últimos dois meses, foram notificados oito ataques a casas de umbanda e candomblé em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, município com a maior concentração de terreiros do estado. Na maioria dos casos, esses ataques sequer são denunciados.


Para tentar reverter esse quadro, será lançado, no próximo dia 13, o aplicativo Oro Orum – Axé eu respeito. O anúncio foi feito por Léo Akin, criador da ferramenta, durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira (05/10) para denunciar os episódios de intolerância.

“O objetivo é ter um novo dispositivo que, aliado às políticas públicas, dê mais segurança para as vítimas denunciarem”, explicou Akin.

Ele defende ainda que a informação é a melhor forma de combater a impunidade. “Os dados coletados vão gerar um mapeamento dos ataques e também dos terreiros existentes, facilitando as investigações”.

Mãe Elaine de Oxalá, líder de um terreiro em Nova Iguaçu, conta que sofre ataques constantes desde a inauguração da casa, há 30 anos, mas nunca tinha ido à delegacia. A primeira denúncia aconteceu só em dezembro do ano passado, após um grupo explodir propositalmente o relógio de luz do local. Segundo ela, no entando, as investigações não prosseguiram.

A ialorixá, nomenclatura dada às mães de santo do candomblé, destacou a importância de ações como o aplicativo, porque acredita que o descaso do poder público estimula as ações de violência. “Os ataques ao meu terreiro só pararam quando colocamos câmeras. Isso me mostrou que a impunidade faz com que os ataques sejam cada vez mais graves, violentos e frequentes.”

Combate à impunidade

O deputado Marcelo Freixo (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, disse que é preciso cobrar uma atuação mais rigorosa na averiguação desses ataques: “Não podemos naturalizar qualquer forma de intolerância ou violência contra um determinado segmento religioso. Por isso, precisamos cobrar que o Ministério Público e a polícia solucionem esses casos”.

A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) pretende atuar em parceria com as instituições de segurança Ppblica, segundo o secretário Átila Nunes Filho. Com esse objetivo, foi criada uma comissão mista, formada por lideranças religiosas, para discutir o tema.

“A maior parte das vítimas não faz as denúncias, gerando a subnotificação. Por isso, grupo irá levantar dados concretos sobre a intolerância religiosa que serão repassados à Polícia Civil”, afirmou.

Participaram da audiência representantes de igrejas evangélicas, católicas e das religiões de matrizes africanas. A Polícia Civil e o Ministério Público também estiveram presentes.

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